Paramount Pictures
Direção: Peter Weir
Roteiro: Andrew Niccol
Gênero: Comédia / Drama
Duração: 103 min
Ano de lançamento: 1998
Sinopse:
"Truman Burbank é uma pessoa normal como todas as outras. Porém, faz parte de um reality show, ou seja, desde que nasceu vive em uma cidade completamente projetada para ele, onde seus movimentos são monitorados 24 horas por dia e trasmitidos para todo o mundo."
Ainda lembro-me vagamente das propagandas deste filme no SBT. "Nada mais do que uma média comédia do Jim Carrey", eu pensava. Me surpreendi ao saber que The Truman Show transcende a comédia pura, e apresenta uma das mais fortes e divertidas críticas a manipulação televisiva, de forma simples, original e inteligente.
The Truman Show trata do reality show homônimo, uma revolução na televisão ao mostrar o personagem Truman Burbank (Jim Carrey) em toda a sua pacata vida desde seu nascimento, sem que esse saiba de nada. Todos a sua volta são atores e atrizes, interagindo com Truman na ilha de Seaheaven, dentro do maior estúdio já construído, visível até do espaço. Assim a rotina do homem é acompanhada dia e noite por todo o planeta, através de câmeras nos lugares mais diversos possíveis, trazendo o "mais real entretenimento já feito". Os problemas começam quando o protagonista começa a desconfiar de pequenos "problemas" em seu próprio mundo, e passa a buscar a verdade por trás de tanta estranheza. O roteiro inicial já é genial por si só, levando a questionamentos quanto ao poder das grandes poderosas do entretenimento, em sua busca infinita e muitas vezes grandiloquente por mais público (e faturamento). Estes também são postos a prova, ao assistir arduamente a vida de um homem ser manipulada de tal forma, e simplesmente se deixar levar pelo entretenimento; nada muito diferente às centenas de reality shows disponíveis.
Para levar o espectador ao ambiente do Show de Truman, todas as cenas são filmadas como tapes do próprio programa, nas milhares de câmeras espalhadas pelo estúdio. As cenas exteriores a este também vêm do ponto de vista de televisões, outras câmeras ou mesmo entrevistas. Alguns telespectadores são acompanhados enquanto assistem o programa, de forma a ver o grandioso interesse e adoração por algo tão "fictício". Quase dá pra se identificar em algumas partes (destaque total a última cena).
Jim Carrey é genial em uma de suas melhores atuações, usando-se de sua já conhecida comédia eufórica, mas que é maravilhosamente acrescida de uma expressividade melancólica e desesperada. Este também seria outro ponto a se observar no filme - a constante inquietação de Truman num local tão calmo e perfeito quanto Seaheaven. Isto, assim como sua obsessão com a Ilha Fiji demonstram a curiosidade inata do ser humano em busca do desconhecido, da saída de sua "ilha". Truman demonstra isso muito bem, beirando a insanidade ao ver que o mundo conspirava contra ele. Na internet pude até encontrar uma comparação do filme com a Alegoria da Caverna, interessantíssima, aqui.
O filme rendeu ao protagonista o Globo de Ouro por melhor atuação dramática. Sim, dramática, num filme estrelado pelo maior comediante dos anos 90. Apenas ele conseguiria tal façanha, que não só torna o filme uma boa comédia familiar, mas um estudo do enclausuramento humano e da necessidade dos mesmos de viver uma outra vida que não seja a sua. Altamente recomendado.
Aliás, alguém percebeu algum trocadilho no nome do filme? The Truman Show, ou The 'True-Man' Show (créditos ao meu professor de história Bruno Fraga, que através desse toque me despertou a vontade de assistir essa grande obra).
