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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Filme - Hugo

A Invenção de Hugo Cabret
Paramount Pictures
Direção: Martin Scorcese
Roteiro: John Logan
Gênero: Aventura / Drama
Duração: 127 min 
Ano de lançamento: 2011


Sinopse: 
"Hugo é um garoto de 12 anos que vive em uma estação de trem em Paris no começo do século 20. Seu pai, um relojoeiro que trabalhava em um museu, morre momentos depois de mostrar a Hugo a sua última descoberta: um androide, sentado numa escrivaninha, com uma caneta na mão, aguardando para escrever uma importante mensagem. O problema é que o menino não consegue ligar o robô, nem resolver o mistério." 

   Admito que comecei o filme com um mínimo preconceito. Nunca tive grandes experiências com os poucos 3 filmes que assisti de Martin Scorcese, e poderia até chamar o diretor de superestimado. Mas A Invenção de Hugo Cabret mudou completamente minha visão dele. O ganhador de 5 Óscars mereceu cada prêmio recebido, em um dos maiores clássicos (por que não antecipar algo certo) infantis já feitos.

   As aventuras do órfão Hugo Cabret (Asa Butterfield) e sua companheira Isabelle (Chloe Moretz) ocorrem na Paris pós 1º Guerra, em seu ápice de esplendor e agitação. Como cenário principal temos a estação principal da cidade, lugar onde o protagonista encontrou abrigo após a morte do pai. Hugo vive a concertar e dar corda aos relógios do local, vivendo entre as paredes, fugindo do temível inspetor perneta Gustav (Sacha Baron Cohen), que sonha em livrar sua adorável estação de todos os ladrõezinhos e arruaceiros. 

   E que adorável estação, com sua arquitetura francesa resplandecendo num brilho único, suas entradas e passagens secretas que muito lembram Hogwarts, a fumaça tênue que insiste em magicalizar os locais; os passageiros indo e vindo e os que ganham a vida na Estação, muito bem ambientados em estilo e simplicidade. O pacote se fecha com a trilha sonora estonteante, exata em suas aparições, combinando perfeitamente com o clima do filme. Deixei rolar os créditos para sentir por mais tempo o seu gosto, prolongar ao máximo a experiência de assisti-lo. Nunca mais vou conseguir ouvir algo francês sem lembrar de Hugo.

   Um trabalho artístico maravilhoso que garantiu ao filme os Óscars de Melhores Efeitos Especiais, Fotografia, Direção Arte, Mixagem de Som e Edição de Som. Tecnicamente o melhor filme do ano, mas que não teria tanta beleza se não contasse com a direção de peso de Scorcese. Seu estilo de filmagem se sobressai muito bem, com câmeras por cima da cabeça dos personagens e em diagonal de baixo pra cima. Algo pra mim também fantástico foi a exploração dos olhares do protagonista em alguns momentos do filme, transparecendo a curiosidade nata da infância através de seus belos e vívidos olhos azuis. 

   O ator mirim Asa Butterfield mostra grande desenvoltura em sua atuação, sabendo muito bem se expressar, transparecer sentimentos. Foi uma prova de fogo a quem teve de carregar um filme com o nome de seu personagem, mas que com certeza trará muitos outros trabalhos a ele. Quem também dá show é a já veterana Chloe Moretz, que mostra mais uma vez um brilhante futuro no cinema. Não bastava encantar em 500 Dias Com Ela e quebrar tudo em Kick Ass, a jovem estrela quase rouba a cena do protagonista. Sua interação com Asa é maravilhosa, em uma aproximação não romântica, mas apaixonante. Talvez sua personagem não a tenha favorecido muito, com um papel infantil demais para alguém tão experiente; mas de qualquer modo ela arrebenta e, de uma forma ou outra, chama a atenção atuando num filme de grande gabarito como este.

   A Invenção de Hugo Cabret tem como principal limitador justamente seu roteiro juvenil, não tão profundo. Mas nada mais poderia ser feito, visto o fato dele ser uma adaptação de um conto igualmente juvenil. E a equipe fez um trabalho realmente fantástico, elevando o filme a um nível que muitos outros jamais conseguiriam. 

   O seu peso emocional acabou se tornando seu grande trunfo, suficientemente forte para mexer com qualquer marmanjo desprevenido. E não por ter cenas tristes ou uma história impactante; ao contrário, por sua beleza, pela forma como são transmitidas as sensações, pelos olhares, pelas interações entre os personagens, pela fotografia, pela trilha sonora. Todas as coisas trabalhadas à perfeição, visando o sucesso de crítica. E são poucos os que ousam se aventurar tanto quanto Martin Scorcese, num estilo de filme que nunca explorou, com as esperanças postas num ator de 15 anos. São poucos os que tem gabarito para aceitar um desafio desses, e menos ainda, os que conseguem transformá-lo em uma das melhores obras de 2012.